“Assim sendo, a leitura era uma prática arriscada para o leitor, que podia se ver privado de sua segurança, perturbado em suas relações, e sobretudo para o grupo, que podia ver um dos seus se distanciar e ir embora. E também para os poderes, pois todos os compromissos podiam se tornar mais fluidos com a popularização da prática da leitura, tanto as fidelidades familiares e comunitárias como as religiosas e políticas.” Retirado de Os jovens e a leitura, página 110.
“(...) a leitura, ao contrário, podia conduzir a círculos mais amplos de relação, a novas sociabilidades, a outras maneiras de convívio. E desempenhar um papel importante na democracia profunda de uma sociedade.” Retirado de Os jovens e a leitura, página 111.
“Os proprietários de escravos temiam que os negros encontrassem nos livros idéias revolucionárias que pudessem ameaçar seu poder. Por exemplo, através da leitura de panfletos pedindo a abolição da escravatura ou mesmo pela leitura da Bíblia, eles poderiam se abrir às idéias de revolta, de liberdade. Manguel evoca os proprietários de plantations que enforcavam qualquer escravo que tentasse ensinar os outros a ler. Evoca também os escravos que apesar de tudo aprenderam a ler pelos meios mais insólitos. Como a mulher que havia aprendido o alfabeto enquanto tomava conta do bebê do proprietário da plantation, brincando com blocos onde estavam desenhadas as letras. Quando o proprietário a surpreendeu, deu-lhe pontapés e uma surra de chicote.” Retirado de Os jovens e a leitura, página 112.
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