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"(...) e se algumas vezes cometem atos de violência nas bibliotecas, o primeiro livro 'atacado' é, com frequência, o dicionário.
Todas as pessoas que encontramos, do campo ou da cidade, pensam que sem uma certa destreza no uso uso da língua não existe uma verdadeira cidadania. E que o iletrado é aquele que sempre necessita de assistência." Retirado de Os jovens e a leitura, Página 70.

"Já disse antes que o que determina a vida dos seres humanos é em grande medida o peso das palavras, ou o peso de sua ausência. Quanto mais formos capazes de nomear o que vivemos, mais aptos estaremos para vivê-lo e transformá-lo. Enquanto o oposto, a dificuldade de simbolizar, pode vir acompanhado de uma agressividade incontrolada. Quando se é privado de palavras para pensar sobre si mesmo, para expressar sua angústia, sua raiva, suas esperanças, só resta o corpo para falar: seja o corpo que grita com todos seus sintomas, seja o enfrentamento violento de um corpo com outro, a passagem para o ato." Retirado de Os jovens e a leitura, Página 71.

"Nesses bairros periféricos não são apenas as construções que estão em más condições, não é somente o tecido social que pode estar em dificuldade. Para muitos que vivem ali, também está danificada a capacidade de simbolizar, de imaginar e, a partir daí, de pensar um pouco por si próprio, em si próprio e ter um papel na sociedade. E a construção psíquica, ou a reconstrução psíquica, revelam-se tão importantes como a recuperação dos bairros." Retirado de Os jovens e a leitura, Páginas 71 e 72.

"Ora, a leitura pode ser, em todas as idades, justamente um caminho privilegiado para se construir, se pensar, dar um sentido á própria experiência, á própria vida; para dar voz a seu sofrimento, dar forma a seus desejos e sonhos." Retirado de Os jovens e a leitura, Página 72.

"O ódio pelo outro, que se encontra no centro desses desvios, tem a ver com o ódio de si mesmo." Retirado de Os jovens e a leitura, Página 72.

"Ao contrário de outras práticas de lazer que tendem a contribuir para que seus adeptos se fechem em suas tribos, e a confundir a identidade pessoal com o lugar onde vivem, a leitura pode ser uma via privilegiada para inventar um caminho singular, para contruir uma identidade aberta, em evolução, não excludente." Retirado de Os jovens e a leitura, Página 73.